domingo, 29 de novembro de 2015


CAPÍTULO 6

Um fim para Sophia – Parte 1

Sophia concluiu sua graduação em 2012. No ano seguinte, ingressou no mestrado e defendeu sua dissertação no início de 2015. Nesse ano resolveu dar um respiro da vida acadêmica, voltar a ler literatura. Tolstoi cada vez mais a fascinava, assim como a acidez F. Scott Fitzgerald Virginia Woolf a deixava apreensiva e agustiada, mas todas as suas passagens e viagens pela literatura valia a pena, pois a tirava de um lugar confortável. Nas horas vagas, rascunhava um projeto para doutorado, mas sem se pressionar e sem se levar pela pressão de seu antigo orientador.

Mas há tempos não estava em lugar confortável. Ela ainda morava com Márcia, mas algumas definições em sua vida a inquietava. Namorava há 2 anos e pensavam em morar juntos.

“Será¿ Será que a relação não irá esfriar... ou vamos virar um casal siamês, sem vida social. Será¿” Seu namorado por outro lado, apesar de também relatar insegurança, estava muito animado, o que de certa forma a deixava mais segura.

“Mas nenhuma decisão é definitiva, no mundo das relações afetivas”. Dizia isso para si mesma, talvez para um conforto psíquico.

De qualquer forma teria que mudar de casa, Márcia vai se mudar. Outro ciclo se fechando. Sua relação de amizade com Márcia é mais longa do que qualquer uma na sua vida. Não mais longa do que com seus pais, evidentemente, mas estava pensando nas relações voluntárias, aquelas que escolhemos para nossas vidas... se afastar dela ia ser difícil.

Ao ir morar com o namorado, todos a olhavam como “a casada”, o que em si não é um problema, mas era como se isso a desvalorizava como mulher independente. Então, se você não namora é porque ninguém te quer, se namora é porque é insegura, se vai morar com o namorado é porque não banca levar uma vida de independente de alguém, se mora sozinha e não quer morar com nenhum namorado é porque na verdade são seus namorados que não quiseram morar com você.

Estava com raiva de tudo e de todos por pensarem assim. Mas todos pensam assim ou eram questionamentos seus também¿ Estava com raiva dos outros ou de si por sua insegurança¿

A decisão estava tomada e as mudanças aconteceriam. Não deveria se sentir culpada por estar com dúvidas, de qualquer forma, “é melhor o por vir ser novo do que a ter as mesmas roupas velhas”.

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