sábado, 25 de abril de 2009

ENSAIO

A Inocência é Loucura
“Perguntas centrais: O que é a humanidade hoje? O coletivo? O Individual? As opressões? O homem? A mulher? O trabalhador? O camponês?

Tarefa central: Agir, não só refletir.”


CAPÍTULO 1

Comer, dormir, assistir, ouvir. Dormir, comer, ouvir, assistir. – bocejo – Vida melancólica. Sem sentido.
Ela vivia, ou vegetava, não sabia ao certo. Só sabia que algo a incomodava, sempre... maldito incômodo, nasceu com ele!
Na sua vida existiam os altos e baixos, mas o incômodo, ah esse sempre estava lá...

Com seus 22 anos, estudava Ciências Sociais na Faculdade – FFLCH, na Universidade de São Paulo. Esse mundo era confortável, pessoas jovens, bonitas, esclarecidas, politizadas – até demais! pensava.

- Vamos sair para beber hoje?
- Não Thi...hoje tá difícil...tô meio down. Acho que deve ser a TPM.
- Ah Jesus! Márcia me ajuda a convencer essa moça chatinha...vamos lá! Não precisamos sair da USP, vamos para ECA!

Márcia era uma das poucas amizades que permaneceu do colégio - Odiou o colégio, pessoas fúteis, meninas irritantes, garotos bobos, professores ditadores, só poucas amizades faziam sentido. A Universidade era outro mundo, graças a Deus!

- Bem, se ela não quer ir não posso fazer nada...mas sempre é bacana sair com os amigos. Acho que dá um UP!
- Beber, cair e levantar! É uma música muito poética. É a minha filosofia de vida!
- Nossa Ricardo, como você é besta! Vocês duas que sabem. Eu vou chamar o Nelson também, assim o quinteto fica completo! – ou não, mas pelo menos não vou ter que agüentar o bêbado sozinho.


A sabedoria estava em seu nome, mas na sua vida ela duvidava. Saiu com os amigos, bebeu, conversou, passou bons momentos, mas aquele sentimento ainda a perturbava, porém agravou-se, o vazio também se misturou com ele.
Depois foi para república com Márcia, que foi logo para cama. Mas ela precisava sentar, escrever, muitas vezes chorava, pensava em morte, não necessariamente na sua, mas do mundo, das coisas ao seu redor. Tudo transpirava morte - que para ela era o vazio.

Uma mulher jovem, classe média, brasileira, tinha um irmão mais velho, morava com a amiga, estudava, tinha um trabalho de meio período, cansada – não sabia do que. Tudo isso era ela........mas ela não era só isso.

“De tudo ficaram três coisas, escreveu Sabino, ‘a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro’.
Fora do contexto, poderia ser confundido com um trecho de um livro de auto-ajuda. Palavras proclamadas, divulgadas em revistas femininas de artesanato. Coitado de Fernando.
Apesar da divulgação estúpida e errada de trechos de seus livros, considero Sabino um sábio. Mas, belas palavras pouco me tocam nesse momento da minha vida. Do que vale meus estudos? As minhas viagens? Se eu não consigo compreender o que me cerca. Não é uma busca existencial....... eu sei.”

Seu celular emitiu uma música, não era uma ligação. Era uma mensagem.

‘Foi bom te rever, espero por mais encontros. Que tal nesse fim de semana?’

David era o seu nome. Ela não sabia o que sentia por ele, eram bons momentos, boas conversas. – Ele que me ligue depois – foi dormir.

Um comentário:

  1. depois de bastante tempo parada, resolvi retomar as atividades em meu blog e, consequentemente, acompanhar aqueles que por algum tempo me fizeram companhia. e cá estou eu.

    então notei que havia um texto cujo título remetia a algum 5º capítulo. resolvi não me fazer de besta, como sei que a maioria das pessoas fariam se estivessem em meu lugar, então, antes de começar por aquele, resolvi buscar onde começava toda essa história.

    e cá estou eu, me identificando bastante com essa tua personagem cheia de questionamentos e que, nos próximos capítulos, devo conhecer mais de perto. pulei neste mar, agora sigo a navegar. parabéns e até o 2º.

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