terça-feira, 6 de outubro de 2009

CAPÍTULO 4

“Tudo para o homem amado, proclamava a moral burguesa.
Tudo para a coletividade, estabelece a moral proletária”
Kollantai


David
Era como se ele fosse a síntese de alguns homens que passaram em sua vida: aquele primeiro amor, que sempre nos lembramos com uma intensidade inexistente na época. O amigo, que temos aquele carinho que se mistura com cuidado, mas também provocações, encheções de saco. Aqueles passageiros, que deixam suas marcas - alguns são fortes, intensos outros nem tanto, mas não tem como não lembrar com um sorriso no rosto desses seres que seja por uma noite ou uma semana se tornam o homem de nossas vidas, mas assim como chegam, partem. Mas tem também, o chato, que nenhuma mulher sabe porque agüenta tanto tempo, mas apesar disso teve alguns bons momentos.

Era militante político, assim como ela, mas se destacava de todos. Sabia falar em público, fazia falas articuladas, boas, convincentes. Um ótimo orador. Um grande quadro. O que fazia com que ela o admirava, mas também a irritava, porque em uma discussão sempre sentia que perdia.
Se encontraram em alguns espaços de organização política...depois em algumas festas. Conversaram, riam, se entenderam. Ficaram uma vez, outra e outra.
Ela com todas suas crises, não sabia o que pensar ao certo. Às vezes era confortável não se envolver com ninguém. Relacionamentos são complicados, suas experiências não eram das melhores.

Pensava sobre Sartre e Beauvoir, nunca moraram na mesma casa. Tinham um relacionamento aberto, intelectualmente interessante. Isso era possível para ela? Era isso que ela queria?
Mas, tentava não investir em ninguém. Nesse momento, nem em David. Porque seria difícil demais se não desse certo.
Só sabia que não queria ser propriedade de ninguém, nem pensar em alguém como sua propriedade. Uma relação de companheirismo, cumplicidade, sexualmente e intelectualmente prazerosa. “Só” isso!

Como é duro, no meio dos seus tormentos, refletir sobre isso. Essas relações humanas de paixão e amor. Era um outro aspecto de sua vida pouco resolvido.

“Para variar!”